DUQUE DE CAXIAS
Jardim Gramacho, um bairro que sofre com o problema do lixo
Jardim Gramacho é
um bairro do município de Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro,
no Brasil, construido em conjunto e alicerçado no maior aterro
sanitário da América Latina. O local na verdade é terreno de marinha
conquistado do mar, pelos habitantes (posseiros dependentes da
reciclagem) e segundo fontes da época, recebia, por dia, mais de 7.000
toneladas de rejeitos químicos e orgânicos provenientes dos municípios
vizinhos da Baixada Fluminense e também do município do Rio de Janeiro
que eram despejados diretamente no fundo da Baia de Guanabara
contribuindo grandemente com a poluição das aguas.
Confusão com o bairro de Gramacho com o Aterro do Jardim Gramacho.
No
município de Duque de Caxias, existe um outro bairro chamado apenas
de Gramacho, local onde existe uma estação de trens, a Estação Gramacho,
já o Jardim Gramacho inicia no viaduto Frei Caneca que da acesso ao
Gramacho pela nova Rodovia Rio Petropolis. São bairros distintos e
localizados um a esquerda do outro: ou seja enquanto o bairro Jardim
Gramacho fica às margens da baia de Guanabara entre Rodovia Washington
Luís (BR-040), o bairro de Gramacho é limitado pela antiga rodovia Rio
PetropolisAvenida Presidente Kennedy e fica às margens do Rio
Sarapuí (que faz a divisão entre o primeiro e o segundo distritos).
Aterro sanitário de Jardim Gramacho
Em
fevereiro de 2005, a prefeitura de Duque de Caxias começou a cobrar uma
taxa de recomposição ambiental por caminhão que depositava lixo em
Jardim Gramacho. Em dezembro de 2006, assim era caracterizado o bairro
em reportagem da Agência Brasil:
Jardim Gramacho possui 20.000
habitantes e bolsões de miséria – cinquenta por cento da população
sobrevive de reciclagem. Sem saneamento básico, as pessoas moram em
barracos de madeira e papelão e em palafitas.
"Após três
décadas de uso do local para o despejo do lixo da região metropolitana
do Rio de Janeiro, o governo carioca decidiu que, em 2007, desativaria o
aterro." Desativação que não ocorreu, levando à saturação do aterro
sanitário. Em agosto de 2008, cinquenta por cento da área já estava
interditada. O terreno se encontra instável desde 2004, mas o
aparecimento de um grande número de novas rachaduras em um curto espaço
de tempo provocou a decisão de acumular lixo somente no centro do aterro
sanitário. Em outubro de 2008, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana
do Rio de Janeiro decidiu interditar setenta por cento da área do aterro
sanitário de Gramacho em decorrência da alta frequência de aparição de
rachaduras. Em janeiro de 2009, a secretaria de meio ambiente do
município informou que, em Jardim Gramacho, existiam doze aterros
clandestinos. Para o prefeito, esses lixões deveriam ser fechados
imediatamente porque ofereciam grande risco ambiental. Ele atribuiu o
crescimento de lixões clandestinos à cobrança de taxas para entrada no
Aterro Sanitário de Jardim Gramacho:
- Com a cobrança do talão
verde, as pessoas, para não pagarem a entrada no aterro, preferem pagar
menos em lixões clandestinos e isso faz aumentar o número de aterros
ilegais.
— José Camilo Zito, prefeito de Duque de Caxias
A
então secretária estadual do ambiente, Marilene Ramos, esteve em Duque
de Caxias no início de 2009 e firmou diversos compromissos ambientais.
Um deles foi a necessidade de fechamento do Aterro Sanitário de Jardim
Gramacho.
Um novo anúncio da desativação do aterro sanitário foi
feito em 15 de fevereiro de 2011. O prefeito de Duque de Caxias, José
Camilo Zito, o secretário estadual do meio ambiente, Carlos Minc, a
presidente do Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro, Marilene
Ramos, o secretário municipal do meio ambiente e representantes
da Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro se reuniram e
anunciaram que o aterro sanitário de Gramacho seria desativado em
dezembro de 2016. Também em 15 de fevereiro de 2011, um grupo de
empresários visitou o aterro sanitário, interessados em conhecer o
processo de reciclagem realizado pelos catadores para as indústrias. A
iniciativa do encontro partiu da Federação das Indústrias do Estado do
Rio de Janeiro.
Depois de mais um adiamento (o aterro sanitário
continuou em funcionamento após dezembro de 2011), o prefeito do Rio de
Janeiro, Eduardo Paes anunciou, em 10 de abril de 2012, que o aterro
seria fechado em 23 de abril de 2012. A partir dessa data, todo o lixo
recolhido na cidade do Rio de Janeiro seria depositado no aterro
sanitário de Seropédica. Em 16 de abril de 2012, prefeitura do Rio
anunciou que decidiu adiar para maio o fechamento do Lixão de Gramacho,
após reunião no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social entre o prefeito do Rio de Janeiro, o ministro da
Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e representantes dos
catadores. Em 30 de abril, pela terceira vez em seu governo, o prefeito
Eduardo Paes anunciou que o Aterro de Gramacho será fechado no dia 1º
de junho. Em 31 de maio, foi anunciado que o fechamento se dará em 3 de
junho, depois de 35 anos de existência do aterro sanitário. Segundo a
prefeitura do Rio, o adiamento é necessário para valer o combinado (o
aterro deve ser fechado somente após o recebimento das indenizações
pelos catadores).
Em 3 de junho de 2012, com a presença do
prefeito Eduardo Paes e da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira,
o aterro sanitário de Gramacho foi fechado. Na ocasião, a ministra
Isabella Teixeira informou que a meta nacional é o encerramento de todos
os lixões até 2014. O lixo do município do Rio de Janeiro, antes
despejado no aterro sanitário, passou a ser encaminhado à Central de
Tratamento de Resíduos em Seropédica.
Capacitação dos trabalhadores
A
desativação do aterro sanitário traz preocupações com os catadores que
lá trabalham, cerca de 5 000. No anúncio de fechamento, feito em
fevereiro de 2011, foi divulgado que os catadores serão capacitados para
novas funções, com investimento de 2 000 000 de reais em quinze anos,
além de uma bolsa de seguro-desemprego.
Dirigentes da associação
de catadores, afirmam que é preciso dar condições aos catadores, que são
responsáveis por 89% de todo o lixo reciclado atualmente. "Ainda hoje, o
Brasil recicla 1% da sua capacidade. Se, com a nova política, a meta é
atingir 10%, vai ter uma demanda muito grande de materiais. E, para
isso, as cooperativas precisam de infraestrutura, investimento em
caminhões, maquinários, para escoar toda essa demanda. Os membros das
cooperativas precisam entender muito mais de logística, planejamento,
rota".
Em abril de 2012, ficou acertado que a prefeitura do Rio de
Janeiro vai pagar, em parcela única, os recursos do Fundo dos
Catadores, que, originalmente, seriam pagos ao longo de 14 anos em
parcelas anuais de 1 500 000 reais. Segundo o secretário de ambiente do
Rio de Janeiro, Carlos Minc, será criado um conselho gestor para
administrar o dinheiro que será obtido com a venda do gás metano e que
será distribuído entre os cerca de 1 500 catadores que vivem da
reciclagem em Gramacho. Cada catador receberá 14.864,55 reais.
Em 3
de junho de 2012, data do fechamento do aterro sanitário, o prefeito
Eduardo Paes informou que, depois dos pagamentos das indenizações dos
últimos catadores pela Prefeitura do Rio de Janeiro, o município de
Duque de Caxias terá que criar mecanismos de inclusão social.
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