sábado, 7 de junho de 2014

FESTAS DE SANTO ANTÔNIO, SÃO JOÃO E SÃO PEDRO

Junho é por excelência, o mês dos santos populares e os bairros mais típicos e antigos das cidades transfiguram-se em enfeites de cor e ambiente de intensa alegria. São nestes locais tão genuínos que se celebram as festas populares que têm origem nos antigos rituais pagãos europeus do solstício de verão, que a cristianização abençoou através de dois dos seus mais distintos filhos, Antônio e João.
Estes santos pertencem ao povo e concedem-lhe, num acordo tácito e anualmente renovado, que viva a sua natureza por uma noite e um dia. As ruas enchem-se do cheiro de sardinhas assadas, o vinho canta nos copos, a música e os folguedos invadem as cidades em romarias e marchas povoadas de arcos e balões. Benze-se o povo com o alho poro, salta-se a fogueira para dar sorte, compra-se o manjericão que se cheira com a mão para que não seque. Segundo a tradição, que nos nossos dias se vai perdendo, as crianças armam à porta de casa o trono do santo e pedem umas moedinhas em nome dos santos.
Nos tempos antigos tudo começava com a expulsão do inverno pela primavera, por excelência o ciclo natural da fecundidade dos solos e da aproximação das colheitas. Era então necessário afastar as secas, as doenças e a esterilidade com rituais e sacrifícios. O homem e a mulher tinham uma relação mais direta e íntima com a Natureza, um respeito e adorações místicas por um universo comum no qual se reviam. Por esta razão, não espanta que ainda hoje Santo Antônio tenha a grande responsabilidade de ser o santo casamenteiro.
Santo Antônio é o primeiro a inaugurar os festejos, no dia 13, e Lisboa viria a elegê-lo seu patrono. Protetor dos marinheiros e das raparigas, morreu em Pádua, com 36 anos.
Diz a tradição que a água das orvalhadas da madrugada de São João tem poderes excepcionais de purificação, regeneração e cura, além de proporcionar vigor aos idosos e beleza aos jovens. Este simbolismo universal não pode deixar de citar os poderes místicos de certas plantas, como o alho poro, o manjericão, a alcachofra, o cardamomo e a cidreira.
A alcachofra tem o poder de adivinhar a realização do casamento, devendo por isso ser queimada ou chamuscada na véspera do dia 24, à meia-noite, na fogueira de São João - "Em louvor de São João, para ver se fulano me quer bem ou não" - e deixada ao relento, enterrada num vaso. O casamento está garantido se a planta reflorir.
A tradição das fogueiras de São João está relacionada com o ancestral culto do Sol, em que o fogo simboliza o poder purificador e fertilizante. O saltar da fogueira está estreitamente ligado à saúde, ao acasalamento e à fecundação.
São João Batista, o "apóstolo do amor incondicional" teria nascido a 24 de junho, anunciado pelo anjo Gabriel, e foi o precursor do Messias, a quem batizou como estava determinado. Morreu a pedido de Salomé, que exigiu a sua cabeça por indicação de sua mãe Herodíades, com quem Herodes mantinha uma relação ilícita.
A festa de São João tem no Porto o seu maior expoente e dimensão, assumindo quase um caráter mágico pela forma como os seus habitantes vivem a festa. É como se tudo acabasse nesse dia, celebrando a chegada de um novo ciclo de renovação com liberdade e desprendimento. Nessa véspera de 24 de junho, festejam-se rituais antigos como se a vida e o Mundo não tivessem um início ou um fim.
São Pedro é o guardião das portas do céu e, também considerado o protetor dos pescadores e de suas viúvas. São Pedro foi um dos doze apóstolos e o dia 29 de junho foi dedicado a ele. Como o dia 29 também marca o encerramento das comemorações juninas é nesse dia que há a decida do mastro de São João e sua fogueira tem forma triangular representando a trindade sagrada.
São Pedro é cultuado como protetor das viúvas, são elas que organizam a festa desse dia, juntamente com os pescadores, que também fazem a sua homenagem a São Pedro realizando procissões marítimas. No dia 29 de junho a fogueira deve ser acesa por um homem e este deverá assar um peixe em sua brasa. Já a viúva deverá dar um presente ou pagar uma bebida à pessoa que a acendeu.
Um ritual feito nesse festejo é escrever o nome de seu marido numa fita marrom e queima na fogueira de São Pedro pedindo proteção para que nunca fique viúva. Também é uma data ótima para quem quer fazer rituais para comprar/vender e proteger seu imóvel, além de pedidos relacionados à justiça.
By Andreia Bonin

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